Pouco antes de iniciar Seu caminho de sofrimentos, Jesus falou com Seus discípulos a respeito do que O esperava, dizendo:

“É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, seja morto e no terceiro dia ressuscite” (Lucas 9.22).

Eles ouviram-nO dizer isso, mas não acolheram estas palavras em seus corações. Pensavam somente em si mesmos, como lemos nas Sagradas Escrituras: Logo depois de Jesus ter-lhes falado de Seus sofrimentos, eles debateram a questão mais importante aos seus corações, ou seja, quem dentre eles teria o maior direito para assumir a liderança.

Estavam tão longe do coração de Jesus! Não O amavam de todo coração! Eram indiferentes aos sofrimentos de Jesus, assim como o sacerdote e o levita tinham sido indiferentes aos sofrimentos do homem que caiu nas mãos dos salteadores. Que dor deve ter sido isso para Jesus, o qual tinha dado todo o seu amor a eles!

Hoje estamos novamente em um tempo que traz sofrimentos a Jesus – mas esse tempo atual difere muito daquele de quase 2000 anos atrás. Pois aos sofrimentos de Jesus no passado juntam-se agora os Seus sofrimentos de hoje. O que quer dizer isso? As Escrituras dizem que os cristãos, ao caírem da fé que tinham em Jesus, estão a crucificá-lO de novo (Hebreus 6.6.) Esses eram casos esporádicos na Igreja de Cristo até há alguns decênios atrás. Hoje, porém, vivemos no início dos tempos finais, na época da grande apostasia quando inúmeros voltam as costas à revelação da vontade divina, expressa em Seus mandamentos. São os tempos da iniqüidade, nos quais os mandamentos de Deus e todos os outros decretos divinos são pisoteados.

Ó lamentai! O que jamais ocorreu em milhares de anos, acontece agora entre nós: Os homens levantam-se em rebelião contra o Deus vivo, o Deus todo-poderoso e imortal, o Criador e Juiz, e cumulam-nO de ódio e blasfêmias. Ah, eu quisera desaparecer no pó da terra, de tanta vergonha! Os budistas veneram o seu Buda – os demais pagãos adoram os seus ídolos – e os muçulmanos até mesmo consideram uma profanação o fato de retratar Maomé em um filme.

Mas o nosso mundo cristão, ó Jesus, até mesmo assiste, sim, muitos cristãos até riem também, quando Tu, ó Jesus, és apresentado como um palhaço de circo, um tolo e um libertino, sim, quando és rebaixado até a um homossexual e apresentado ao mundo como uma criatura fracassada, um terrorista e como alguém derrotado pelo Diabo.

Esta é a Paixão de Jesus HOJE, a hora em que Ele é crucificado no mundo inteiro! Seu coração está entristecido profundamente, sim, cheio de sofrimentos. O Seu coração deve estar lamentando: “Não dei Eu a Minha vida para a redenção do mundo, pelo fato de amá-lo tanto? Contudo, os homens não somente desprezam o Meu sacríficio – a sua resposta é ódio, ódio amargo, tal como foi no passado por ocasião de Minha crucificação. Eles Me escarnecem e rebaixam. Em Meu amor Eu queria salvá-los de sua escravidão ao pecado, livrá-los das trevas e do abismo do inferno. Ah, aqueles que Eu amo, escolhem hoje o pecado, exaltam-no até, e precipitam-se dessa forma na perdição. Isso enche de dor o Meu coração!” Essa é a lamentação de Jesus.

Perguntei então a mim: “Ah, onde está o meu amor a Deus?” Quando vemos amigos ou mesmo estranhos em meio a sofrimentos profundos, os nossos corações derretem-se de compaixão – mas em relação a Deus permanecemos tão frios. Como isso deve magoar Jesus e levá-lO a lamentar: “Onde está o teu amor a Mim?” Sim, o quanto lamentou Deus no passado através dos profetas, em dor profunda por causa de Seu povo! Hoje, porém, o amor de Deus lamenta por nossa causa, por Seus filhos no mundo inteiro, e por causa do nosso pecado. Em Seu amor Ele não suporta ver que escolhemos caminhos de pecado, afastando-nos dEle e caindo nas garras de Satanás. Naquele tempo foi um povo só que se apartou de Deus – e foi antes do sacríficio redentor de Jesus! Contudo, quão dilacerante deve ser hoje a lamentação de Deus.

Ó ouvi, sim,ouvi, o Pai está a sofrer,
ó ouvi a Sua lamentação!
Ouvi a Sua grande aflição,
uma dor maior que todas as nossas dores,
pois não há amor tão grande quanto o dEle!
Este coração sofre por causa de nossos
pecados, este coração que nos ama tão
profundamente e o Seu Filho por nós
tem sacrificado!
Ah, se muitos Te rodeassem e consolar-Te
quisessem!

Ah, desta vez Jesus não deveria ser desapontado por nós! Ele nos ama tanto e sofre tanto por causa de Seus filhos. Por isso não queremos ser como o sacerdote piedoso e o levita na parábola, e viver somente para os nossos interesses pessoais, nossa família, nosso emprego e nossas ocupações – mesmo que sejam ocupações boas e espirituais. Assim como no Salmo Messiânico, o Salmo 69, Jesus clama hoje: “Esperei por piedade, mas em vão; por consoladores, e não os achei” (v. 20). Ele está clamando por almas que venham a sofrer com Ele e a trazer-Lhe consolo e alegria. Esse é o pedido que Jesus dirige a nós nestes tempos finais, os tempos dos Seus sofrimentos de hoje. Nestes tempos o Senhor está congregando, de todas as partes do mundo, almas que vivam para cumprir o pedido de Deus, uma grei de almas que lamentem com Ele e O consolem.

Nós podemos consolar a Deus

Através de lágrimas de arrependimento, mudando o nosso modo de viver e odiando o pecado que traz tanta dor ao   Seu   coração;

Através do fato de acolhermos os Seus lamentos, por termos aprendido primeiro a chorar por causa de nossos   próprios   pecados;

Através de um amor disposto a testemunhar a Seu favor, confessando quem e como Ele é e defendendo-O, onde for   odiado e escarnecido;

Através do fato de adorarmos e glorificarmos o Cordeiro triunfante na medida correspondente ao quanto está sendo   ultrajado hoje;

Através de uma consagração plena a amá-lO, dando-Lhe tudo sem restrições, cada desejo e impulso de nossa   vontade,   por mais que isso nos custe;

Através de um amor profundo pelo Pai como sendo Seu filho verdadeiro que Lhe diz constantemente palavras de   amor na   medida correspondente ao quanto Ele é odiado hoje;

Através do fato de confiarmos irrestritamente que os caminhos de Deus são só amor, mesmo quando nos parecerem   difíceis ou sem sentido; bem como através do fato de O adorarmos mesmo em meio à escuridão;

Através do amor à cruz, suportando com paciência o nosso sofrimento, nossas cargas e decepções, unidos a Jesus, o   carregador de cruz;

Através de uma consagração a sofrermos sacerdotalmente – humilhados sob o nosso próprio pecado -, quando entes   queridos caem da fé e seguem caminhos pecaminosos;

Através do combate da fé e da batalha de oração, buscando salvar com empenho total almas desviadas;

Através do fato de nos amarmos mutuamente, em especial entre nós cristãos, segundo o último pedido de Jesus;

Através de uma reconciliação posta em prática continuamente em vista de todas as dissenções e do ódio no mundo atual.

Clique aqui para o cântico “Se eu lamentar pudesse”

Extraído do livro Deus Lamenta…e a nossa resposta, de M.Basilea Schlink